A análise seminal constitui uma etapa inicial a ser realizada na investigação da infertilidade masculina para que se tenha um entendimento sobre a presença ou ausência de espermatozoides, sua motilidade e formato (morfologia).
A avaliação do sêmen deve ser realizada de maneira cuidadosa, pois ela fornece informações importantes sobre a espermatogênese e a permeabilidade do trato reprodutivo. Tradicionalmente, o diagnóstico de infertilidade masculina depende de uma avaliação descritiva dos parâmetros do ejaculado, com ênfase na concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides. A filosofia fundamental dessa abordagem é que a fertilidade masculina pode ser definida em termos de um número mínimo de espermatozoides morfologicamente normais e com movimento progressivo, que deve ser excedido para que um determinado indivíduo seja diagnosticado com espermatogênese normal e maiores chances de gestação.
PASSO 1: COLETA DE AMOSTRA
A Organização Mundial de Saúde preconiza que a coleta seja realizada por automasturbação e em sala anexa ao laboratório para que o resultado não sofra interferências externas. Em casos excepcionais, como pacientes que se encontram em leito hospitalar, o Androscience dispõe de um serviço validado pela vigilância sanitária que realiza o transporte do material biológico do hospital até o laboratório.
No dia da coleta, o homem deve estar em um período de abstinência ejaculatória de 2-7 dias (tempo sugerido pela OMS) ou conforme orientação médica.
importante: Possuímos uma sala de coleta que garante o conforto e privacidade do homem, com todos os recursos necessários para que a coleta seja realizada de forma reservada e segura.
Amostras normalmente liquefeitas podem conter corpúsculos gelatinosos que não se dissolvem; estes não apresentam nenhum significado clínico. O tempo médio para a liquefação completa é de 15 a 30 minutos. Caso ela não ocorra em até 60 minutos, classifica-se a liquefação como “incompleta” e pode indicar alguma disfunção na próstata.
Volume seminalO valor do volume de sêmen estabelecimento como referência é ≥ a 1,4 mL. Baixo volume pode indicar obstrução do ducto ejaculatório, ausência congênita bilateral do ducto deferente, ejaculação retrógrada parcial, entre outros, ao passo que um alto volume de sêmen pode refletir exsudação ativa em casos de inflamação das glândulas acessórias. Outros fatores, como perda de parte da amostra durante a coleta, período de abstinência inadequado e estresse, também podem diminuir o volume do ejaculado colhido.
Aparência/ cor:A cor considerada normal do sêmen é branco-opalescente. Alterações na cor podem indicar doenças locais ou sistêmicas (infecção, hepatite) ou ainda uso de certos medicamentos.
Sêmen amarelado: a presença de infecções ou uso de determinados medicamentos pode alterar a cor do sêmen para amarelo. Períodos prolongados de abstinência podem deixá-lo ligeiramente amarelado também.
Sêmen avermelhado: condição conhecida por hematospermia, onde há presença de hemácias no sêmen. Pode ser resultado de processo inflamatório, obstrução ou cistos nos dutos ejaculatórios, neoplasias, anormalidades vasculares, entre outros.
Translúcido: o sêmen pode parecer mais “transparente” se a concentração de espermatozoides for baixa.
Viscosidade:O aumento da viscosidade do sêmen pode estar relacionado com alguma disfunção na próstata ou vesículas seminais. A consistência anormal também pode prejudicar a avaliação das outras características do sêmen, como motilidade, concentração ou determinação de anticorpos anti-espermatozoides.
Odor:
A OMS acrescentou no manual de 2021 o parâmetro odor. Deve ser relatado no laudo se o odor do sêmen estiver pútrido.
Finalizada a avaliação macroscópica, começa-se a avaliação microscópica que inclui a análise dos parâmetros:
Concentração de espermatozoides por mL;
Número total de espermatozoides;
Motilidade;
Morfologia;
Presença ou ausência de agregação e aglutinação;
Vitalidade;
Contagem de células redondas (leucócitos e células germinativas imaturas,
espermatócitos secundários, espermátides).
Concentração: É a estimativa da quantidade de espermatozoides em milhões no líquido seminal por mL de sêmen.
Número total de espermatozoide:É a estimativa da quantidade de espermatozoides em milhões em todo o ejaculado.
Motilidade espermática:A presença e a qualidade da motilidade dos espermatozoides são um fator importante. Somente espermatozoides que nadam ativamente são capazes de penetrar o muco cervical, migrar pelo sistema reprodutor feminino, penetrar o óvulo e realizar a fertilização. Os espermatozoides são classificados, de acordo com a motilidade, em:·Grau A: espermatozoides rápidos progressivos;
Grau B: espermatozoides lentos progressivos;
Grau C: espermatozoides não-progressivos: todos os outros padrões de movimento de cauda com ausência de progressão, p. ex: espermatozoides nadando em pequenos círculos;
Grau D: espermatozoides imóveis.
Já quando há presença de espermatozoides móveis aderidos uns aos outros, chamamos de aglutinação e sugere presença de anticorpos anti-espermatozoides.
Há 4 graus de aglutinação:
Grau 1: isolado <10 espermatozoides por aglutinado, muitos livres;
Grau 2: moderado 10–50 espermatozoides por aglutinado, livres;
Grau 3: grandes aglutinados de >50 espermatozoides, alguns ainda livres;
Grau 4: todos os espermatozoides aglutinados e grupos de espermatozoides aglutinados interligados.
Células redondas:O sêmen também apresenta outros elementos celulares sem ser os espermatozoides, como espermatócitos e espermátides (células precursoras dos espermatozoides) e leucócitos (células de defesa). É importante diferenciar os leucócitos das células precursoras dos espermatozoides, ambas bastante semelhantes e denominadas células redondas. Para diferenciar as células redondas é necessário realizar um teste de pesquisa de leucócitos.
Morfologia espermática pelo critério estrito de Kruger: Consiste em um critério rigoroso de classificação, onde são analisados 200 espermatozoides e, aqueles potencialmente normais, são mensurados com uma régua (micrômetro) embutida no microscópio. Diversas medidas são realizadas em cada espermatozoide, que é classificado como normal (oval) ou anormal